Nasci numa manhã de domingo de maio de 1975, em Caxias do Sul, RS. Sou o primogênito dos três filhos de uma professora e de um topógrafo autônomo. 


O parto foi complicado. Estava com três voltas do cordão umbilical ao redor do pescoço, o que oferecia risco a mim e a minha mãe, história que meu pai contava com olhos marejados, seguindo-se a ameaça feita ao médico: “Se um deles não sair com vida de lá , quebro suas pernas!” Em seguida dava uma boa gargalhada.

Minha mãe não confirma a história, pois passara a noite em trabalho de parto. Mesmo depois de andar até o Hospital, numa noite que, segundo ela, teve uma das luas cheias mais belas que já vira.

Desde cedo, percebi que tinha o domínio da comunicação, mas sempre o utilizava com um misto de timidez e cuidado, buscando, deixar aos colegas e amigos a oportunidade de participar mais.

Entendi, mais tarde, que esse foi o primeiro sinal de empatia que sempre norteou minhas interações sociais. Na escola, conversava com todos, mas andava com os acanhados, com os excluídos da turma e com os nerds da época. A partir da 8ª série, resolvi que era hora de trabalhar, para desespero de minha mãe.

Mas eu era assim. Queria ajudar. Aliviando um pouco o custo comigo, imaginei que sobrasse um pouco mais no fim do mês para meus irmãos. Até hoje, não sei se houve uma boa relação custo/benefício nisso, mas a verdade é que somente terminei o (na época) 2º grau com um curso supletivo.

Meu primeiro emprego foi de meio expediente como office-boy em uma empresa de alimentação industrial na qual meu tio trabalhava. Já, o segundo, quem intermediou foi uma tia, também como office-boy, mas agora em período integral, numa agência de viagens bem conhecida na cidade. A partir daí, busquei minhas próprias oportunidades. Aos 29 anos, comecei a preencher minha segunda carteira profissional.

A verdade é que eu não tinha paciência para permanecer por longos anos na mesma empresa. Em contrapartida, tinha enorme facilidade para fazer amigos. Isso se solidificou quando em meu quarto emprego comecei a trabalhar com informática, área em que me mantive por mais de 15 anos.

Após tentar vender o intangível da tecnologia, resolvi mudar de ares e fazer de uma vez por todas um curso superior, mais por pressão da minha avó do que por vontade própria. Primeiramente, aceitei a própria informática, mas logo percebi que estava aprendendo coisas que já não me interessavam mais. Voltei-me, então, para a administração, que me fez lembrar da antipatia pela matemática.

Somente depois de longa reflexão sobre as coisas de que mais gostava, rendi-me à comunicação e apostei, então, nas Relações Públicas. Finalmente, encontrei-me! A maturidade mostrou-me que a satisfação pessoal –, o sentir-se bem onde se está –, é o caminho para a realização pessoal e profissional.




Foi então que resolvi criar minha própria empresa e transformar meu hobby em negócio, dedicando-me integralmente à produção de algo que seria consumido, ao contrário dos relatórios e feedbacks que não me ofereciam gratificação. A área da gastronomia, para a qual resolvi migrar criando massas caseiras, ofereceu-me essa possibilidade.

Descobrir-me um artesão fez-me descobrir a arte, o cuidado, a dedicação e o amor pela minha criação. Embrenhar-me por uma área aparentemente desconhecida me fez compreender que tudo o que fizera até então pavimentaria o novo caminho, proporcionando-me, ainda, liberdade, flexibilidade e criatividade.

Confesso que sempre quis deixar minha marca no mundo, mostrar que podemos fazer mais com menos, que podemos ser maiores se unidos e que a justiça social, mais do que necessária, é imprescindível. Essas foram bandeiras que sempre empunhei, mesmo que na trincheira, mas que passei a levantar quando descobri uma nova forma de sociabilidade e fui fisgado pela política.

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